segunda-feira, 25 de abril de 2016

Delírios de uma madrugada

Comecei a pensar que as coisas realmente acontecem na hora que elas tem que acontecer. Que não adianta eu querer apressar. Isso é chato, mas é assim que funciona. Sempre te mandam esperar pelo momento certo, mas a verdade é que é um saco até esse momento chegar. E pode ser que o que aconteça nem seja bom de verdade. É tudo uma grande enganação. Uma enganação verdadeira. Porque realmente, as coisas só chegam na hora delas. Infelizmente. Não tem como apressar, acredite, eu já tentei. E não deu muito certo. Na verdade deu muito errado e tudo ficou ainda pior do que estava antes. Muito pior…..
Ok. Pode ser que não tenha ficado tão pior assim. Mas é que tem que ter uma fantasia no meio. É claro. Nós escritores não temos nossa vida tão badalada quanto fazemos parecer. Mas isso é um segredo então shhh, não conte para ninguém. Nós apenas passamos nosso tempo atrás de um computador ou com uma caneta na mão, vivendo o Carpe Diem que tanto escrevemos sobre através de nossas letras e palavras. Somos lobos solitários, que apreciamos nossa própria companhia. Ou não. As vezes é por isso que escrevemos, porque não gostamos de ficar com nós mesmos então criamos um mundo em que não precisamos disso. E é bem fácil na verdade. É só abrir a porta e as palavras jorram como água em um dique rompido. O truque é não pensar muito, só deixar elas virem. Deixe elas saírem a vontade e escreva como se estivesse falando com alguém. Alguma cosa boa definitivamente vai sair de tudo o que escorreu de você. Com toda certeza. Pode ser que você jogue 99% fora, mas aquele 1% vale demais a pena ser guardado.
Como este devaneio por exemplo. É provável que eu nunca mostre para ninguém e que a piadinha safada fique para sempre compartilhada apenas comigo, mas não importa. O que importa é que agora eu me sinto mais leve. Leve porque eu estava com todas essas palavras presas dentro de mim e elas precisavam loucamente sair. A escrita é tipo um vício. Por mais que você lute contra ele, chega um momento em que você não aguentará mais e ele irá explodir. Você vai juntando todas as palavras dentro de você, todas as influências e todas as inspirações que as pessoas, os carros, o trânsito, a letra feia do professor, tudo a sua volta causa e guarda guardadinho lá na sua cabeça. Logicamente uma hora a caixa já está tão cheia de palavras e ideias, mas você nem percebe. Então, como em um passe de mágica você se vê, às duas horas da manhã, escrevendo algo sem noção, mas que faz total sentido para você.
Mas aí cega uma hora que você vê que as palavras estão acabando e que você está encurralado em um labirinto sem saber para onde ir. E isso acontece quando você começa a pensar demais, a refletir demais e quando você se pega olhando para o teclado por mais de três segundos sem que suas mãos se mexam. Normal. Chegou a hora então de parar de escrever e voltar, ler e analisar tudo o que saiu. É hora de você jogar fora o 99% que era maluquice da sua cabeça ou ver que esse 99% que era a genialidade que você procurava no momento. Só que aí vem o terror de todos os escritores, o Kraken dos nossos textos, a abobrinha na nossa lasanha: Ai meu Deus do céu, será que alguém vai ler isso? E eu te juro juradinho que vão. As pessoas leem por vários motivo. Elas leem para distrair, para limpar as mágoas, para se apaixonar, para viajar, para rir ou para passar o tempo. Então com certeza existe um leitor que precisa de achar e de ler seu texto. E se o que você escreve serve de alguma dessas coisas para qualquer pessoa no mundo então você alcançou o objetivo. Você tocou o coração de alguém. Mesmo que seja com uma coisa completamente sem sentido, ou maluca. O que importa é que alguém parou para ouvir o que você tinha a dizer. E enquanto você não parar para contar você nunca perceberá que tem muitas pessoas que querem ouvir nossa história, que querem compartilhar dos nossos medos, das nossas paixões e com certeza das nossas loucuras. Enquanto houver no mundo um sábio e um louco, haverá amor e esperança, e enquanto houver amor e esperança haverá vida. Tá, não foi exatamente isso que Shakespeare disse, mas quem disse que eu tenho que dizer exatamente o que foi? Onde fica a licença poética nessa história? Digamos que ele apenas me inspirou. E vou deixar ele continuar me inspirando. Quem sabe algum dia não sai algo da minha cabeça louca que realmente valha a pena. Ou quem sabe já saiu e eu ainda estou muito neurada para perceber. Afinal, o que mais uma cabeça cansada e elétrica, ligada a muito chocolate poderia pensar de melhor em um fim de feriado de madrugada? Aposto com você que nada muito melhor do que a dessa pessoa que vos fala. E só porque eu comecei falando sobre sonhos e sobre como é difícil esperar a coisa que você tanto quer realmente acontecer. Você começa de um lado e termina de cabeça para baixo.
Então meu querido leitor, obrigada por parar um pouco para me ouvir. Tenha certeza que você não irá se arrepender de deixar minhas loucuras serem a suas, mesmo que por um breve trecho de uns delírios de uma madrugada.

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