sexta-feira, 28 de agosto de 2015

BUM

E eu vi com meus próprios olhos tudo explodir. O vermelho tomou conta do ambiente. O ardor cresceu e tomou conta de todo o corpo, preencheu todos os poros do meu ser. Meu coração doía, gritava e sacudia pedindo para que aquilo saísse de dentro de mim. Meus membros criaram vida própria e tudo o que eu via era aquela gota d’água, aquela gota que fez o copo transbordar. Eu queria acabar com tudo, queria gritar tudo o que sufocava a minha garganta, tudo que apertava minha mente. Eu estava a mil. Conseguia pensar em mil maneiras de dizer tudo que sempre quis, de jogar na cara tudo o que me irritou e me magoou. Mas o fato de não poder fazer isso foi adoecendo minha alma. Lentamente, sem perceber, ela foi perdendo vida, foi perdendo esperanças, presa a uma ideia, presa na própria imaginação. As palavras já não eram mais minhas e minha visão foi enegrecida pela raiva. Deixei meus dedos fluírem para o único lugar que eu sabia poder me refugiar. E chorei, chorei e lavei todas as letras presas. As lágrimas de frases escorriam por meu rosto, poluindo o redor. Pensei que fosse fazer tudo parar. Tola. Só aumentei o que estava sentindo e de repente já não controlava mais. Os sentimentos se levantaram e se desprenderam das amarras que eu mesma criei. As correntes que prendiam meu corpo foram se soltando e como braços me impediam de voltar atrás. Me transformei em uma serva da própria cabeça. Inconsequente, esse lado que tomou poder fez o que eu jamais havia tido coragem de fazer. Ele falou.

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